Minha decisão de parar com o anticoncepcional!
O post de hoje é meio diferente dos que normalmente faço aqui no blog (apesar de já até ter compartilhado meus textos), mas tenho falado bastante sobre o assunto no stories no Instagram e recebi uma força que jamais imaginei que receberia. Do outro lado, vi outras meninas com os mesmos receios e dúvidas que eu, então resolvi compartilhar minha experiência desde a decisão de parar de tomar o anticoncepcional até só Deus sabe quando vou conseguir ficar sem ele.
Preciso começar contando que minha história com o a.c começou antes do que eu gostaria, porém, mais tarde do que a maioria. Comecei a tomá-lo com 16/17 anos, por conta das fortes cólicas que tinha durante a menstruação. Na época, eu ainda nem namorava e comecei a toma-lo com recomendação médica apenas para reduzir as minhas cólicas, já que meu ciclo sempre foi reguladinho. Comecei a tomar o Selene, lembro bem da médica dizer que poderia tomar sem medo porque ele era fraquinho. E bom, com 16 anos, sofrendo como eu sofria de cólica, eu aceitaria qualquer coisa que a médica me passasse. Hoje, eu sei que de fraquinho o Selene não tem nada, ele é uma verdadeira bomba relógio. Nunca fui alertada sobre os perigos de se tomar anticoncepcional. Ninguém nunca tinha me falado que eu poderia morrer por conta dele.
No ano passado, resolvi começar a tomar o Stezza (por conta própria, não façam isso), no começo foi maravilhoso. Eu não sentia nada de cólica e praticamente não menstruava mais. Por outro lado, ele acabou com o meu psicológico. Eu comecei a ter sintomas de depressão e algumas crises que hoje eu identifico como síndrome do pânico. Como eu tinha passado recentemente por um assalto, achava que tudo aquilo era reflexo do trauma. Mas um dia acordei e veio uma luz de que não poderia ter sido o assalto e sim o remédio. Nesse momento, eu já sabia dos males que o anticoncepcional pode causar. Pensei muito em parar de tomar nesse momento, mas fiquei com medo de que ao parar, os problemas fossem maiores do que continuar tomando. Então o que fiz foi voltar a tomar o Selene.
Esse mês passou uma reportagem do Dráuzio Varella falando sobre os perigos do anticoncepcional, perigos esses que eu já conhecia e já tinha medo, mas dessa vez me apavorou. Ouvi muitas histórias de mulheres que quase morreram e que tem sequelas sérias no corpo até hoje pelo uso do anticoncepcional, mas o que realmente me fez decidir, foi que a maioria dessas mulheres tomava o mesmo remédio que eu. Conversei com muitas meninas através das mensagens e comentários no Instagram, recebi dicas de grupos, ajuda, apoio que nesse momento me fez ver que o corpo é realmente meu e que eu devo ter autonomia sobre ele. Que por mais que venham dias difíceis, nenhum deles vai ser tão difícil ou dolorido quanto ter um avc, uma trombose ou até mesmo morrer com meus 26 anos e cheios de sonhos e planos no papel.
Entrei no grupo do facebook “Livre! A vida sem anticoncepcional”, li experiências de outras pessoas e vi que meu medo não fazia sentido. O receio de ter a pele e o cabelo muito oleosos, são besteira, já que podemos fazer tratamentos que podem melhora-lo. O medo de ter cólicas que me façam passar mal como eram no passado também, existem remédios que podem diminui-las ou até fazer com que elas sumam. Mas confesso que meu medo ainda hoje é que meu fluxo seja tão intenso que me impossibilite de fazer minhas tarefas e trabalhos do dia a dia. Mas bom, talvez um fraldão também dê jeito nisso, né? Percebi que com 26 anos eu não conheço meu corpo, porque ele sempre foi “moldado” ou “controlado” pelo uso de hormônios que mais me fazem mal, do que bem e que chegou a hora de conhecer meu próprio corpo e aprender como lidar com ele. O medo da maioria das pessoas é a gravidez e disso, eu não tenho medo. É óbvio que eu não quero ter um filho agora, mas nesses grupos aprendi que além da camisinha, existem maneiras de evitar a gravidez indesejada sem tomar anticoncepcional. Existem métodos, aplicativos que nos ajudam a “prever” nosso período fértil, o que facilita demais o serviço.
Eu tomei meu último comprimido no dia 31/7 e confesso que está difícil controlar a ansiedade para saber como tudo vai ser daqui para frente, mas tenho fé que vai ser mais fácil do que estou imaginando.
Com esse post eu queria deixar registrado tudo que tem passado na minha cabeça durante esses dias, para que daqui há uns meses, eu possa voltar a relatar o que tem acontecido. Além disso, quero que esse seja um espaço aberto para que vocês também possam compartilhar as experiências em deixar o corpo livre de hormônios, por favor, façam isso nos comentários e estarão ajudando não só a mim, mas também como a qualquer outra mulher que esteja decidindo parar.
Ainda não sei o que vai acontecer ou como vai ser, mas se você leu esse post e também está cogitando a possibilidade de parar de tomar anticoncepcional, amiga, pare! Nós nascemos assim, fomos feitas assim, nossas avós, bisavós e mulheres passadas aguentavam isso tudo com ainda menos recursos do que temos hoje. Espera, tá? Daqui um mês eu te conto como tem sido a minha jornada sem hormônios. Força para nós!
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